Quando nacqui, un angelo storto
di quelli che vivono nell’ombra
disse: Vai, Carlos, e sii gauche nella vita.
Le case spiano gli uomini
che corrono dietro le donne.
Il pomeriggio sarebbe forse azzurro,
se non ci fossero tanti desideri.
Il tram passa pieno di gambe:
gambe bianche nere gialle.
Perché tante gambe, Dio mio, domanda il mio cuore.
Ma i miei occhi
non chiedono nulla.
L’uomo dietro ai baffi
è serio, semplice e forte.
Quasi non parla.
Ha pochi, rari amici
l’uomo dietro agli occhiali e ai baffi.
Dio mio, perché mi hai abbandonato
se sapevi che io non ero Dio
se sapevi che io ero debole.
Mondo mondo vasto mondo,
se io mi chiamassi Raimondo
sarebbe una rima, non sarebbe una soluzione.
Mondo mondo vasto mondo,
più vasto è il mio cuore.
Non dovrei dirtelo
ma questa luna
questo cognac
mi commuovono da morire.
(Trad. di Vera Lúcia de Oliveira)
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.